Há muito tempo já sabemos que é um equívoco dizer que o envelhecimento é um processo puramente físico, pois ocorrem também as mudanças emocionais ao passar dos anos.
Se você tem um familiar ou amigo querido que está entrando na terceira idade, entender essas mudanças pode ajudá-lo a navegar melhor nesse interessante – e por vezes desafiador – estágio da vida.
Cada pessoa enfrenta desafios diferentes e experimenta mudanças emocionais distintas. Porém, alguns padrões comuns surgem quando se fala sobre a saúde mental dos idosos.
O envelhecimento é uma jornada pessoal e única, e este artigo veio abordar as principais mudanças emocionais que ocorrem nesta fase. Continue a leitura!
Mudança emocionais baseadas na Autoimagem e Identidade
À medida que envelhecemos, muitas vezes enfrentamos mudanças profundas em como nos vemos e nos identificamos.
A aposentadoria, um marco crucial na vida de muitos idosos, é um exemplo primordial disso, já que marca não apenas o fim de uma carreira, mas também o início de uma nova fase da vida.
Essa transição pode desencadear uma revisão da própria identidade, pois a pessoa não é mais definida pelo seu papel profissional ativo.
A redefinição de status social pode gerar inseguranças e incertezas sobre o papel do indivíduo na sociedade e na família, trazendo a eles, a sensação de não contribuir mais de forma ativa para o meio e pode levar a uma percepção de inutilidade, desencadeando sentimentos de desânimo ou até mesmo depressão.
A falta de estrutura e propósito que a aposentadoria muitas vezes traz pode ser um desafio para a autoestima e a sensação de realização pessoal, impactando significativamente a saúde emocional dos idosos.
Desafiando o Inevitável: Enfrentando o luto na terceira Idade
Adentrar a terceira idade frequentemente conduz a um confronto com diversas perdas significativas.
Essas privações variam desde aspectos físicos, como a diminuição da mobilidade ou a crescente dependência, até perdas sociais profundas, que incluem a partida de amigos e familiares amados.
Além disso, há a batalha emocional e psicológica enfrentada com o declínio cognitivo, como é o caso de doenças degenerativas.
O luto nessa fase da vida não é reservado exclusivamente ao adeus final aos entes queridos, estende-se à saudade da independência anterior, da saúde robusta e da vida conforme conhecida antes.
Essas experiências de perda e luto podem precipitar sentimentos persistentes de tristeza, levando a condições mais severas como depressão e ansiedade.
Cada um destes elementos compõem um quadro delicado que necessita de compreensão, apoio e cuidados ajustados.
Leia também: Transtorno mentais: Conheça os principais transtornos relacionados ao envelhecimento – Geriatria Copacabana
A Solidão e o Isolamento na Terceira Idade
O ninho vazio: este é um marco muito comum no envelhecimento, e que também desencadeia uma série de mudanças emocionais, pois a sensação de solidão pode ser avassaladora quando a casa que antes transbordava de atividade e risos se torna silenciosa e vazia.
Os idosos podem se sentir perdidos, sem um papel definido, à medida que se ajustam a uma vida sem as demandas diárias de cuidar dos filhos.
Além disso, a perda de amigos e familiares próximos, seja através da morte ou da separação geográfica, pode causar uma profunda sensação de isolamento, já que essas conexões significam o suporte emocional e social dos idosos, e sua ausência pode deixá-los vulneráveis à depressão e à solidão.
Reconhecer e abordar esses sentimentos é crucial para promover um envelhecimento saudável e satisfatório.
Isso envolve aceitar essas mudanças como parte natural da vida, e buscar ativamente novas fontes de significado e conexão social, podendo incluir a participação em grupos comunitários, voluntariado, aulas de arte ou exercício, e a busca de relacionamentos significativos que tragam alegria e propósito à vida.
Medo e Ansiedade
A jornada rumo à velhice pode, infelizmente, ser acompanhada de certos medos e ansiedades que pesam na mudança emocional, e é comum que idosos enfrentem o temor da morte ou se preocupem com a possibilidade de doenças e a deterioração da saúde mental.
Além disso, a perspectiva de perder a independência pode ser particularmente angustiante. Esses sentimentos, profundamente humanos, não são apenas fontes de angústia, eles podem também desencadear ou intensificar problemas de saúde mental, como depressão e transtornos de ansiedade.
A compreensão e o apoio são fundamentais para mitigar essas preocupações existenciais, abrindo caminho para uma velhice mais serena e digna.
Mudanças emocionais causadas por no Status Social
À medida que a idade avança, os idosos são confrontados com uma série de mudanças emocionais profundas em seu status social, que podem impactar significativamente sua qualidade de vida e bem-estar.
Estas mudanças vão muito além das simples transformações externas, como aposentadoria ou a partida dos filhos de casa. Elas tocam o cerne da identidade e do propósito de vida de uma pessoa.
Muitos idosos passaram décadas dedicados ao trabalho, encontrando significado e realização em suas profissões, e quando essa estrutura é removida, podem surgir sentimentos de perda de propósito e valor, deixando-os questionando sua relevância e contribuição para a sociedade.
Resiliência para saber lidar com as mudanças emocionais
Apesar dos desafios emocionais que o envelhecimento pode trazer, muitos idosos demonstram uma resiliência emocional admirável, que é evidenciada pela capacidade de encontrar prazer e satisfação na vida, mesmo diante das mudanças emocionais e físicas que enfrentam.
Essa é uma qualidade fundamental que permite aos idosos lidar com as adversidades da vida de maneira eficaz e construtiva, pois ao invés de se deixarem abater pelas dificuldades, eles encontram maneiras de se adaptar e crescer com elas.
Estratégias para enfrentar as mudanças emocionais na terceira idade
O apoio de amigos, familiares e comunidade
Ter pessoas importantes próximas, desempenha um papel crucial no bem-estar emocional dos idosos, pois o compartilhamento de experiências leva ao sentimento de pertencimento e ajudam a fortalecer o senso de conexão, oferecendo conforto e suporte nos momentos difíceis.
Manter-se fisicamente ativo
O exercício regular beneficia além da saúde física, mas também tem um impacto positivo no humor e na saúde mental, já que se movimentar libera endorfinas e neurotransmissores promovem sentimentos de bem-estar, reduzindo o estresse e a ansiedade.
Leia: O Impacto da Atividade Física na Saúde Mental dos Idosos – Geriatria Copacabana
Ter um senso de propósito na vida
Encontrar atividades significativas e gratificantes, como voluntariado, hobbies ou a busca de novos interesses, pode fornecer uma fonte de significado e motivação, ajudando os idosos a enfrentar os desafios da vida com determinação e otimismo.
Abraçando as mudanças emocionais
Entender as mudanças emocionais que ocorrem na velhice é o primeiro passo para lidar com elas de maneira saudável.
Compreender que essas mudanças fazem parte do processo de envelhecimento ajuda a normalizar as experiências emocionais e a reduzir sentimentos de isolamento ou inadequação.
Nesta fase, abre-se um leque de novas formas de viver plenamente e apreciar a vida através da aceitação dela.
Existem muitos recursos disponíveis para ajudar os idosos a entender e lidar com essas mudanças emocionais, como:
- Terapia, grupos de apoio;
- Atividades comunitárias;
- Programas de bem-estar, entre outros.
A gentileza e o apoio da família, amigos e profissionais de saúde são fundamentais nesse processo, oferecendo um ambiente seguro e acolhedor onde os idosos se sintam valorizados e compreendidos.
Veja: A diferença que um bom cuidado faz: a influência do ambiente no bem-estar do idoso.